sexta-feira, dezembro 09, 2005

Sorveteiro

Fui sorveteiro por um dia. Eu tava sem nada melhor pra fazer e fui vender sorvete com o Fefedo. Desde cedo descobrimos que se quiséssemos comprar algo mais caro, tínhamos que ir à luta. Mesada? Isso era coisa da TV. Não lembro bem o que ele queria comprar com o dinheiro, mas sei que o cargo foi preenchido por poucos dias.

E em um deles eu fui. Pegamos os sorvetes e uma caixa grande de isopor e caminhamos como pagadores de promessa, feito cavalos, feito camelos, como preferir. A tarde estava quente, revezávamos a caixa de isopor e aliviávamos o estoque nas vendas e em consumo próprio. Acho que comi seis sorvetes pra pagar o carreto....

Vi logo que aquilo não era a minha praia...

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Amarcord

Segundo alguns críticos de cinema, este filme que o Federico Fellini fez em 1973 está entre os melhores de toda a história. Hoje em dia eu acho que dá uma briga boa entre ele, Oito e meio(1963) e La Dolce Vita(1960).

Mas em 1982 era apenas um filme que passou de madrugada e que um adolescente pega uma gripe danada ao sair numa noite fria, depois de chupar com gosto e violência os gigantescos peitos de uma mulher mais velha, lá pelo meio do filme.

Amarcord, segundo fiquei sabendo depois, é "Eu me recordo" em um dialeto italiano que o marido da Giulietta Masina falava quando criança. Bem, eu também me recordo da ótima sensação ao ver, pela primeira vez em movimento, algo parecido com sexo. Opa! Ma Che belos melones, ê!

Passei a prestar mais atenção nos seios das mulheres ao redor. E agora? Onde vou encontrar alguém com uns peitos daquele tamanho? Eram inacreditavelmente grandes! O piá do filme sumia entre os peitos! E a cara de satisfação da mulher com o sujeito beijando e mordendo aquilo tudo! Rapaiz!

Bem, o tempo passou e eu mudei de gostos, preferindo os que cabem confortavelmente em minhas mãos. Nada mais que isso, e até preferencialmente menos que isso. Mas nos dias posteriores àquele filme eu devo ter olhado cuma cara de tarado para seios femininos...

Futebol força

Dois colegas não se gostavam e viviam de bate-boca por qualquer coisa. Ninguém saberia dizer quem começou e quem tinha culpa no cartório. A briga era questão de tempo. E o lugar mais propício era, logicamente, em uma partida de futebol. Pra ajudar, um era goleiro e o outro estava na linha. O time levou um gol e este logo acusou o goleiro de ter ‘frangado’. Tomando as dores, um terceiro decidiu contestar a análise do jogador-comentarista com um: “tománocu! Não marca e acusa o outro. Foi culpa tua!” Com tantos argumentos, o cara deixa quieto.

Novo ataque e novo gol, desta vez com uma participação mais ativa do arqueiro. “E aí? Agora é culpa de quem?”, sentencia o nervoso porém provocativo zagueiro. “Vá tomar banho!”, responde o goleiro, louco por uma confusão.

Bastou aquilo para alguém soltar um ‘feladaputa’ e começar o bolinho de piá se batendo, e mais que depressa os dois estão com os rostos vermelhos de raiva, com pedaços de grama seca por todo corpo. Mas na mesma hora que começou a briga já veio o inspetor pra separar e o show não prosseguiu. Vão os dois para a diretoria.

Os dois voltam para a sala em companhia da diretora. Entram quietos e sentam-se em seus lugares. Como todos estavam sabendo do ocorrido, o silêncio se fez presente no recinto. Enquanto a professora falava, só deu pra escutar um cochichado ‘tá fudido’ dum lado e um ‘te pego na saída’ do outro.

Termina a aula e, de praxe, todos correm para a rua mais que depressa, pois ia ter porrada na descida da escola. Normalmente o local era um pequeno espaço vazio entre o final da escola e a casa vizinha.

Círculo de pessoas em volta, formando o clássico ringue e os dois piás, em também posição clássica de boxer fraldinha. Ambos destros, com o lado esquerdo do tronco levemente adiantado e a perna esquerda apoiando.

Mais coisas clássicas? “Porrada!” “Porrada!” “Porrada!”. Um matreiro logo perguntava, inocente, que um fez pro outro. Um dos briguentos sempre respondia. “Esse viado me xingou”. “Aloooooooooooooco! Eu não agüentava...”, respondiam vários. “Viado é você, feladaputa!”, retrucava o outro. “Aloooooooooooooco! Colocou a mãe no meio! Eu não agüentava...” gritavam outros, ávidos por sangue.

Sem saber quem fez o primeiro movimento, a briga era reiniciada. Tapas e socos só aconteciam nos primeiros instantes. Depois era só os dois enrolados no chão, seguindo a lei do vale-tudo. E só a piazada berrando e incentivando. Logo aparecia um adulto estraga-prazeres e separava. Não sem antes alguns se atreverem a protestar, mas sempre de forma anônima, afinal de contas, a gente respeitava os adultos, né.

Visitas I

Resolvi enfrentar a situação como homem: muitos dias depois, resolvi aparecer num sábado na casa do primo da Miss J, meu amigo de fé e de futebol, e que tinha o apelido de pelezinho na nossa sala. Convenientemente ele morava na casa dos fundos da prima e assim eu poderia vê-la.

Apareci na casa, fui entrando e logo ela apareceu, querendo saber o que eu queria por lá. Gaguejando, falei que vinha pra jogar bola com o primo dela. Para minha surpresa o rapaz se encontrava jogando bola num campo longínquo...

Que se conversa com uma menina, mesmo? Xá vê... Futebol? Não, elas não gostam disso. Boneca? E eu lá sei algo sobre isso? Escola? Será?

- Já fez a lição?
- Já. E você?
- Já...

Boa... Hum... Cachorro? Eu gosto do pateta! Ela tem cachorro?

- Cê tem cachorro?
- Não. Tá com medo?
- É.... não... só queria saber...
- ...

Cada vez melhor... Será que um hipotético cachorro sentiria cheiro de pânico no ar?

- Vo-vo-voce-cê me beijou. Por quê?
- Deu vontade.
- Ah...
- Não gostou?
- É... Hum... bem... er... ãn ba-burulá ba ba pombo...(Tá. Isso é só um alívio cômico para os leitores. Só os primeiros resmungos aconteceram realmente)
- Eu gostei.
- ÉÉÉÉ?!?!??
- É. Foi bom.
- Que coisa... Er... hum... Então vou pra casa...
- Não! Vamos lá atrás da casa. Quero te mostrar o rio.
- Tá

E lá fui eu, seguindo ela pelo carreiro. Desculpe, mas não lembro do que ela vestia. Pena.

(continua...)

Provocações

Dias depois do beijo, tô eu lá de bobeira escrevendo besteiras no quadro, quando sinto alguém me dando um beliscão dolorido nas costas. Eu me viro rápido pra saber quem foi e vejo a Miss J correndo pra fora da sala, se acabando de rir.

Olho pras carteiras pra saber se alguém viu e o cara mais velho da turma, aquele cujo nome se perdeu no tempo e que, em 82 completava 15 anos, se entrega que presenciou a coisa toda. Também tava rindo, mas com o canto da boca.

Ele sai do lugar onde estava e me abre os olhos. Diz que ela tá querendo me dar. Eu já sabia desta nova atribuição à palavra ‘dar’, mas duvidei. Ele disse que tinha certeza e disse que era pra eu largar mão de ser tongo e fazer alguma coisa.

Alguma coisa? Tá maluco? Uma coisa é ver o troço acontecendo nas revistas pornográficas, com adultos fazendo sem pudores, outra é um piá querer fazer aquilo com uma menina. Será que ela sabe do que se trata? Será que ela já viu revistas pornográficas? Será?

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Crescimento do pinto

Não! Não é a ereção do dito cujo. É a história mesmo do dito cujo pelo menos do meu dito cujo. Eu não sei a história do dos outros, só o do meu, né. Então. Não importa o que digam, agora tenho que contar vantagem aqui... Eu fui, provavelmente, o cara que teve a operação de fimose mais demorada da história dos pintos infantis da raça humana. Na verdade não é nada disso. Acontece muito...
Mulheres? Acompanhem. Homens? Coloquem-se no meu lugar e/ou riam:

A cabeça do ‘manequinho’, que os caras deram o nome de glande, é envolvida por uma pele, que os mesmos caras batizaram de prepúcio. Os homens costumam nascer com o prepúcio ligado à coroa. Hum... esqueci de falar da coroa... A coroa é... Hum... Ah... Se você sabe o que é uma cabeça e sabe o que é uma coroa, basta viajar um pouco e visualizar que pinto tem cabeça e coroa. E um pescoço parecido com o de uma girafa. Rárárá...

Voltando. Normalmente, e naturalmente, com o tempo, acontece a separação de prepúcio e coroa. Até os três anos, 90% dos carinhas estão prontos para a briga. Já os que possuem mães e pais que têm pouca preocupação com as assaduras, e elas acabam retardando e até causando a manutenção desta ligação. Aí acontece a tal fimose.

Meu caso é esse. Aí, lá pelos cinco anos, eu – e todos os homens normais - começo a descobrir que tenho um pinto que é bem legal de brincar, massagear, apertar, girar, esfregar, e toda aquela coisa que uma criança faz com o seu respectivo bilau.

Em algum ponto aos seis anos começa a operação. Em uma das vezes em que eu fiquei com o tal prepúcio assado e tive que emprestar a pomada Hipoglós® do João para aliviar a vermelhidão do local. Passei de manhã, fui pra escola e à tarde, antes de tomar banho, fui verificar como andava o problema e notei que uns traços de pomada saiam de duas ‘fendas’ nas ‘bochechas’ da cabeça do manequinho.

Peguei o chuveirinho e resolvi lavar bem pra ver da onde que surgiu aquilo! Como não achei respostas, terminei de tomar banho, resolvi ir pra cama e não pensei mais no caso. De manhã, vou fazer xixi e resolvo dar uma olhada.

- MÃE! MEU PINTO TÁ ABERTO!!!

Bem. Tá aí. Terminou a operação... Minha mãe foi lá ver, não achou nada de errado e me xingou de despudorado, que ficava berrando besteira... Fui pra fora da casa, sentei no poço desativado que existia do lado da casa e fui analisar com mais cuidado o que tinha acontecido. Como não doeu à noite e não estava doendo na hora, encolhi os ombros e fui chutar bola....

Americanos e judeus evitam todo esse problema com a circuncisão. Li em um lugar que circuncisão é a ‘retirada do freio do pênis’. Quando eu li isso, já imaginei um rei com uma coroa na cabeça e tentando colocar uma camiseta. A coroa enrosca na camiseta(prepúcio) e aí deve estar a origem do tal freio...

* Esqueci de contar isso na hora certa. Vê se pode....

O dia seguinte

Pera lá, pera lá, pera! Antes do dia seguinte ao beijo, vamos terminar o dia. Eu apressei o passo para tentar alcançá-la, desci a ladeira correndo, mas nada de conseguir achá-la. Eu sabia onde era a casa dela, mas achei melhor seguir meu caminho.

Passei a fase novelística da noite no quarto, pensando que diabos a mulher queria com aquele beijo. Não consegui formular sequer uma boa resposta, já que essas elucubrações só se criaram no meu cérebro na adolescência. Então resolvi dormir e ver o que iria acontecer no dia seguinte.

Então, chegando na escola, vou correndo pra sala pra procurar ela. A piazada querendo que eu jogue bola, bolica etc, mas nada. Queria ver a Miss J. de novo. Entrei na sala e fiquei na nossa carteira (era daquelas de dupla, lembra?)

Para desespero das minhas pernas, que ficavam indo pra cima e pra baixo em intervalos muito curtos, nada de ela chegar mais cedo. Chegou em cima da hora, sentou do meu lado, disse oi e... e parecia que nada acontecera...

Hora do recreio chega e eu lá, só de olho, esperando alguma coisa a mais, com cara de pidão. Nada... Então vou jogar bola, né... E lá fui eu jogar bola e tentar esquecer a coisa toda. E consegui! Voltei pra sala e ficou tudo por isso mesmo.

Eu sempre me enrolava pra guardar as coisas, já ela era organizada e num piscar de olhos já estava saindo, dando tchau. Acabou aí o dia seguinte...