quinta-feira, dezembro 08, 2005

Futebol força

Dois colegas não se gostavam e viviam de bate-boca por qualquer coisa. Ninguém saberia dizer quem começou e quem tinha culpa no cartório. A briga era questão de tempo. E o lugar mais propício era, logicamente, em uma partida de futebol. Pra ajudar, um era goleiro e o outro estava na linha. O time levou um gol e este logo acusou o goleiro de ter ‘frangado’. Tomando as dores, um terceiro decidiu contestar a análise do jogador-comentarista com um: “tománocu! Não marca e acusa o outro. Foi culpa tua!” Com tantos argumentos, o cara deixa quieto.

Novo ataque e novo gol, desta vez com uma participação mais ativa do arqueiro. “E aí? Agora é culpa de quem?”, sentencia o nervoso porém provocativo zagueiro. “Vá tomar banho!”, responde o goleiro, louco por uma confusão.

Bastou aquilo para alguém soltar um ‘feladaputa’ e começar o bolinho de piá se batendo, e mais que depressa os dois estão com os rostos vermelhos de raiva, com pedaços de grama seca por todo corpo. Mas na mesma hora que começou a briga já veio o inspetor pra separar e o show não prosseguiu. Vão os dois para a diretoria.

Os dois voltam para a sala em companhia da diretora. Entram quietos e sentam-se em seus lugares. Como todos estavam sabendo do ocorrido, o silêncio se fez presente no recinto. Enquanto a professora falava, só deu pra escutar um cochichado ‘tá fudido’ dum lado e um ‘te pego na saída’ do outro.

Termina a aula e, de praxe, todos correm para a rua mais que depressa, pois ia ter porrada na descida da escola. Normalmente o local era um pequeno espaço vazio entre o final da escola e a casa vizinha.

Círculo de pessoas em volta, formando o clássico ringue e os dois piás, em também posição clássica de boxer fraldinha. Ambos destros, com o lado esquerdo do tronco levemente adiantado e a perna esquerda apoiando.

Mais coisas clássicas? “Porrada!” “Porrada!” “Porrada!”. Um matreiro logo perguntava, inocente, que um fez pro outro. Um dos briguentos sempre respondia. “Esse viado me xingou”. “Aloooooooooooooco! Eu não agüentava...”, respondiam vários. “Viado é você, feladaputa!”, retrucava o outro. “Aloooooooooooooco! Colocou a mãe no meio! Eu não agüentava...” gritavam outros, ávidos por sangue.

Sem saber quem fez o primeiro movimento, a briga era reiniciada. Tapas e socos só aconteciam nos primeiros instantes. Depois era só os dois enrolados no chão, seguindo a lei do vale-tudo. E só a piazada berrando e incentivando. Logo aparecia um adulto estraga-prazeres e separava. Não sem antes alguns se atreverem a protestar, mas sempre de forma anônima, afinal de contas, a gente respeitava os adultos, né.

1 Comments:

At 11:34 AM, Anonymous Anônimo said...

Saudade do Aloooooooooooooco!:)

 

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