segunda-feira, novembro 28, 2005

O amor (ou o comecinho dele)

Eu tinha um pequeno problema na hora de amarrar o kichute. E tênis em geral. Em vez de fazer um laço, circula-lo, fazer o outro laço e passar pelo buraco que o dedo fazia, eu fazia dois laços e dava o nó. Como os mais velhos faziam da primeira maneira, estava eu, na pequena salinha que existia na entrada da sala de aula de fato, tentando amarrar e tendo um pouco de dificuldade. Era o final da aula e todo mundo tava saindo. Fiquei lá nas tentativas, quando reparei que Miss J tava por ali, me olhando e sorrindo. Do alto de seu ano a mais que eu, puxou assunto.

- Ei, Sandro, quer ajuda?
- Não, não precisa. Eu sei fazer!
- Sabe nada, dá aqui... Tá vendo, coloca o dedão pra fazer o buraco...
- Bah... Eu sabia, ora...
- Sabia nada...

Com orgulho ferido, resolvi entrar na sala pra esperar que todos fossem embora, pra só depois sair. Ela me seguiu, me puxou pelo braço e aí, ao contrário do que diz o personagem de Ewan Mcgregor em Peixe Grande, tudo fico em câmera absurdamente rápida. Ela pegou no meu ombro com uma das mãos, olhou bem sério pra minha boca e me deu um beijo. Um beijo por um tempo curto demais, soltou uma risada baixinho e saiu correndo. Beeem rápido.

Nesta hora é que tudo ficou na velocidade normal. Na verdade devagar demais e eu fiquei com aquela cara de bobo pensando. Quer dizer, pensando em nada. Dizem que a gente não consegue ficar sem pensar em nada. No máximo pensando que não tá pensando em nada. Eu tenho certeza que consegui. E com aquela cara abobalhada...

1 Comments:

At 6:56 PM, Blogger Priscilla said...

Ai, dei até uma choradinha. Conta mais e de novo e outra vez só que de outro jeito?

 

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