quinta-feira, novembro 10, 2005

Caminhadas e guarda-chuvas

Nos primeiros dias de aula, minha mãe achava por bem me levar pra aula de Fusca. Como eu era o mais novo da turma, eu queria fazer o que os outros faziam. Uma destas coisas era ir a pé pra escola e voltar da mesma forma pra casa.

Lembro que lá pelo terceiro ou quarto dia eu reclamei que ela não precisava me levar, que eu era o único que ia de carro pra escola, que era pra eu largar mão de ser melhor que os outros, que... Acho que foi isso.

Como no primeiro ano década de 80, seqüestro de crianças era uma coisa que não passava pela cabeça de ninguém, ela só pediu pra eu ter atenção na hora de atravessar a rua do posto de gasolina. Acho até que ela ficou aliviada e logo ia inventar alguma coisa pra me fazer ir a pé. Só se que me senti O adulto por poder chegar na escola com meus próprios pés.

Já na primeira chuva, fui ter a idéia de pedir carona e ela me olhou bem e disse. “Ué? Não queria ir pra aula a pé? Vá de guarda-chuva!”. Nem soube o que responder e fiquei na minha. Peguei o trambolho e fui pra escola.

Lógico que, na volta, não tava chovendo e nem me passou pela cabeça que existiam guarda-chuvas no mundo. Aquele foi o primeiro dos milhões de guarda-chuvas que eu já perdi até hoje e dos bilhões que eu vou perder até o final dos meus dias.