terça-feira, outubro 18, 2005

Telhados

Continuando a visita à casa atual da conversa, entramos no quarto do Fefedo. Ele não gostava muito daquele quarto, por causa dos ratos, mas essa história eu conto no post seguinte. Havia naquele quarto uma janela no alto com grades que dava acesso ao telhado. Era só subir numa estante e chegar na Janela. De lá para o telhado, bastava ser pequeno e atravessar as grades.

Este telhado entra na história por ter sido o primeiro que eu coloquei os pés. Até então, eu não havia pensado que aquele lugar era algo possível de se caminhar ou correr. E estar lá era tão surreal quanto um filme do Fellini.(propaganda institucional: logo eu conto quando um peito de outra mulher adulta que não fosse a minha mãe surgiu na minha vida. Aquele do Amarcord).

Então aconteceu de eu estar sobre um telhado. Que fazer? Bem. Dava pra correr atrás do meu irmão, dava pra ficar gritando e provocando as pessoas que passavam pela rua e dava pra ficar um tempão na chuva pra ver como funcionava o funcionamento de um telhado quando a água caía nas telhas, e tudo mais. Jogar pedra, só em alguns casos especiais.

E a filosofar também. Lembro que uma vez eu tava sozinho no telhado logo depois do almoço e notei que tinha um carro esquisito, que eu nunca tinha visto igual. Só depois, ao analisar e perguntar pro pai, fiquei sabendo que era um Impala. Mas como era novo, diferente, achei que era algum bandido de fora. De algum estado de fora de Santa Catarina ou Paraná. Algo como o Estados Unidos. Vendo o Chips, eu achava que a Gringolândia era um estado brasileiro virado em auto-estradas.

Enquanto o carro não saía do lugar onde estava estacionado, logo do outro lado da rua, eu viajava. Fiquei prestando atenção nas nuvens, procurando achar alguma que formasse algum bicho, sentindo inveja porque uma vez meu irmão viu e eu não.

1 Comments:

At 4:45 PM, Blogger Priscilla said...

Eu ainda vejo bichos nas nuvens, você já consegue? Senão eu te ensino... :)

 

Postar um comentário

<< Home