segunda-feira, outubro 24, 2005

O primeiro emprego

Fui um gandula... Tá... tecnicamente não foi um emprego, afinal de contas não teve pagamento... Em Curitibanos, como em toda cidade desse Brasil grandão, sem fronteiras, havia um estádio. O Ortigão, fantástico estádio com uma cabine de rádio de um lado e duas arquibancadas do outro.

Segundo meu irmão, arquibancadas feitas por algum portuga. Elas ficavam longe do gramado, compostas por cerca de quinze degraus que, segundo alguns loucos, tinha a capacidade de colocar dez mil pesssoas. Mas todo mundo sabia que dois mil era uma estimativa mais que bondosa. É que nunca vi aquele estádio lotado... Embaixo destas arquibancadas ficavam os banheiros e os bares.

O time da cidade era o Varal. Equipe que usava um uniforme todo verde, em homenagem ao Palmeiras, time do pai do Maurício, amigo e sócio do meu irmão na empresa de fundo de quintal de fazer carrinhos de rolamento.

A gente ia lá pra ver as partidas de futebol de verdade, iguais aos que víamos na TV, dimensões oficiais, gramado cuidado, marcas feitas de cal, com direito a árbitro e bandeirinhas de preto, bandeirinhas nos escanteios e no meio do campo! Tenho quase certeza que só fui notar que existiam essas bandeiras nos campos de futebol naquelas laterais no Ortigão.

Como as arquibancadas ficavam longe, meu irmão achou por bem virar gandula pra ficar perto do campo. E lá fui eu junto, só pra ver qualé. Do lado da única cabine de rádio do lugar ficavam os ‘vestiários’. As delegações dos dois times entravam no terreno baldio ao lado, que ficava em um nível bem abaixo do do gramado. Vestiam-se onde desse e entravam no gramado por dois túneis longos, escuros, estreitos e que ficavam lado a lado, para compensar o desnível, no final havia duas escadas, detonadas, que facilitavam contusões antes de entrar no campo, pois as ditas cujas começavam na parte escura do túnel.

Sobre o trabalho, a coisa funcionava assim: Fefedo ficava deitado sobre as redes vendo o jogo e o Sandro corria atrás da bola - uma só - chutada pelas ruindades em campo. Ou seja, toda hora! Lembro de ter visto gols, mas não de algum digno de nota. Os caras eram todos partidários do futebol que o Eduardo Bueno gosta. Futebol-força, bruto e caneleiro...

No mais, foi amedrontador virar goleiro ao se deparar pela primeira vez com uma trave de verdade e doeu o pé quando arrisquei fazer um gol de pênalti depois de várias tentativas. Faltava força!

Para os que ficaram intrigados por causa do nome “Ortigão”, aqui vai uma explicação. O cara que mandou fazer o ‘Gigante do Bom Jesus’(to tirando sarro desse nome aí) era o prefeito Vilmar Ortigari e como todo estádio que se preze termina com ‘ão’, virou Ortigão. O sujeito se matou este ano, com 96 anos, deixando esposa com 94. Acho que ele pensou que era imortal, mas diferente do clã MacLeod, os Ortigari envelheciam com o passar dos anos.

2 Comments:

At 11:06 AM, Blogger Priscilla said...

Ele se matou aos 96 anos?

 
At 9:26 PM, Blogger Alessandro said...

Pois é. Um suicida de 96 anos. Fez uso de um revólver pra se livrar da vida...

 

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