domingo, outubro 23, 2005

Futebol

Para se chegar ao espaço onde jogávamos bola partindo da rua, havia um trecho onde às vezes ficava o caminhão. Explico. Para quem estava na rua e olhava o lar atual, veria a casa construída a cerca de um metro e meio do chão, do lado esquerdo havia uma faixa de gramado de cerca de quatro metros de largura onde as roupas eram penduradas.

Do lado direito ficava um caminho feito de cimento para entrar de carro e lá nos fundos da casa havia uma garagem. Mas atrás da casa, e não na continuação deste caminho, pois ali ficava o nosso campinho particular. Este trecho começava no nível da rua e progressivamente igualava o nível da casa lá no alto.

Cito que o caminhão às vezes ficava estacionado lá dentro para dar uma idéia da distância que ficava a rua do campinho, e da trave. A lembrança de uma criança pode pregar peças, mas calculo que do portão da casa até onde ficava o gol devia ter uns 20 metros. Falo tudo isso pra começar a contar vantagem sobre meu pai. Aconteceu poucas vezes, mas o suficiente pra impressionar um gurizinho.

É que eu ficava no gol e meu pai chutava a bola “de capotão” do meu irmão de lá do portão, acertando na maioria das vezes. Ele chutava bem tanto de esquerda quanto de direita e fez carreira como profissional em três times. Esporte Recreativo Ferroviário, Matarazzo Esporte Clube, ambos de Jaguariaíva e Oito de Outubro de Cornélio Procópio. Todas como lateral-esquerdo.

O que me deixava impressionado era como ele chutava lá de longe, fazia a bola fazer a curva, “invadir” o terreno do vizinho e voltar para o ângulo esquerdo da minha meta, sempre pra exigir de mim pontes estilosas e exageradas. E tudo isso chutando tanto de ‘trés dedos’ com a esquerda quanto com a parte ‘de dentro’ do pé direito. Coisa de gênio do garooooooto... Meu irmão passou boa parte da infância e da adolescência aprimorando essa arte de chutar a bola pra fazer curvas e afins.

Vem do maroto-mor a influência pra virar torcedor do Atlético. É que, segundo ele, o Furacão esteve por duas vezes em Jaguariaíva pra jogar amistosos quando ele jogava pelo Ferroviário. As derrotas por 0 x 1 e 1 x 2 foram óbvias, mas o que o fez criar simpatia pela equipe do Joaquim Américo Guimarães, futura Arena da Baixada, foi a grande habilidade de Jackson e Cireno naquele começo de década de 50.

Além disso, as atitudes arrogantes dos jogadores do Coxas e do Ferroviário em campos do Norte Velho paranaense também tiveram grande influência na escolha. O ponto alto da carreira foi uma vitória por 1 a 0 frente o Internacional-RS, na inauguração dos refletores do estádio acanhado. Na certa, uma atitude política por parte dos colorados gaúchos, que só estavam lá por alguma gentileza esquecida pelo tempo.

3 Comments:

At 9:56 PM, Anonymous Anônimo said...

Foi aí q começou a minha admiração por Nelinho,Eder,Marcelinho Carioca,Neto,Branco,Roberto Carlos..., principalmente pelos 2 primeiros.

 
At 8:21 PM, Anonymous Anônimo said...

Não sabia que seu pai era jogador de futebol!

 
At 11:24 AM, Blogger Alessandro said...

O pai só foi jogador de futebol por poucos anos. Depois se perdeu nas casas de burlesco...

 

Postar um comentário

<< Home